Auxílio emergencial: qual será o novo valor e até quando será pago?

Jair Bolsonaro ao lado de Paulo Guedes

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Bolsonaro fez anúncio logo após divulgação de queda histórica do PIB do Brasil, de 9,7% no 2º trimestre

As parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial chegaram ao fim e passarão a ter seu valor cortado pela metade, segundo os planos do governo federal.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na terça-feira (01/09) que o benefício será reduzido para R$ 300 e será pago por quatro meses.

Para que esse cenário se concretize, no entanto, o governo Bolsonaro depende do Congresso Nacional.

O presidente disse que a mudança será feita por Medida Provisória. Isso significa que, embora entre em vigor na data da publicação, ela passa pelo crivo dos deputados e senadores, que podem fazer alterações.

Não seria a primeira vez que o Congresso faria mudanças no benefício. Na criação do auxílio em resposta à pandemia, o governo pretendia pagar R$ 200, mas foi o Legislativo que ampliou o benefício para R$ 600.

O anúncio sobre o futuro do auxílio emergencial, criado para proteger a renda de parte da população durante a pandemia do coronavírus, era aguardado há semanas, visto que a última parcela de R$ 600 foi referente a agosto.

Primeiro, o auxílio foi anunciado com duração de três meses, a ser pago a trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), autônomos e desempregados que cumprem determinados requisitos, como renda familiar per capita de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou com renda total de até três salários mínimos (R$ 3.135). Em julho, o governo anunciou prorrogação por mais dois meses — até agosto, portanto.

A declaração de Bolsonaro, acompanhado por ministros, foi feita menos de uma hora após a divulgação da queda histórica do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de 9,7% no 2º trimestre em comparação com os 3 primeiros meses do ano.

Após esse resultado, a economia brasileira entra oficialmente em recessão técnica (caracterizada por dois trimestres consecutivos de retração).

Bolsonaro também anunciou que o governo encaminhará na quinta-feira (03/09) ao Congresso a reforma administrativa que, segundo ele, valerá apenas para futuros servidores.

Pessoas na fila da Caixa

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Auxílio emergencial: inicialmente, o governo pretendia pagar R$ 200, mas Congresso ampliou o benefício para R$ 600

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A discussão sobre o futuro do auxílio emergencial dividiu o governo e economistas.

De um lado, está o reconhecimento de que o benefício trouxe popularidade para o presidente. Além dos benefícios econômicos da transferência de renda neste momento de crise, Bolsonaro está vendo a importância do benefício para conquistar apoio de parte da população.

Analistas apontam que o benefício foi um dos motivos para uma melhora na aprovação do presidente. É importante lembrar que, considerando também as famílias dos 65 milhões de beneficiários do auxílio emergencial, o pagamento chega a beneficiar mais de 120 milhões de pessoas — mais da metade da população brasileira.

A avaliação de Bolsonaro atingiu o melhor patamar desde o início do mandato dele, em janeiro de 2019, segundo pesquisa Datafolha realizada em 11 e 12 de agosto. Subiu de 32% para 37% a parcela de entrevistados que consideram seu governo ótimo ou bom e caiu de 44% para 34% os que o consideravam ruim e péssimo.

A pesquisa anterior tinha sido divulgada em junho, mês em que foi preso Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

De outro lado, está a bandeira que Jair Bolsonaro levantou durante a campanha presidencial de 2018: o liberalismo econômico, personificado no ministro da Economia, Paulo Guedes.

Foi a promessa de reduzir a participação do Estado na economia e de promover ajustes nas contas públicas que garantiu ao então candidato Bolsonaro o apoio do grande empresariado. Embora Bolsonaro não tivesse histórico de defender essas medidas, ele garantia que a economia ficaria nas mãos de Guedes.

Economistas alinhados a esse pensamento liberal têm criticado intensificar medidas de transferência de renda porque, segundo eles, não há espaço fiscal para isso.

Enquanto ainda pagava R$ 600 por mês, o custo mensal do programa era de cerca de R$ 50 bilhões. Nos cinco meses terminados em agosto, portanto, o gasto supera R$ 250 bilhões. Para ter uma dimensão, o valor é mais que o dobro do déficit primário (ou seja, o resultado negativo) registrado em 2019, que foi de R$ 95 bilhões.

Foi em meio a esse debate que Guedes chegou a falar em impeachment em agosto, ao defender o teto de gastos, regra que limita o crescimento dos gastos da União. O ministro disse que os auxiliares que aconselham o presidente a "furar" a regra do teto de gastos estão levando o presidente para uma "zona de impeachment".

Casas precárias, sem pintura, na beira de canal poluído no Rio de Janeiro

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Pandemia do coronavírus levou o governo a criar o auxílio emergencial para proteger a população mais vulnerável

E o Renda Brasil?

Outro anúncio aguardado — este ainda sem uma definição — é sobre o Renda Brasil. Embora já tenha sido batizado, seu desenho não foi divulgado: é o programa de transferência de renda que o governo Bolsonaro prometeu para substituir o Bolsa Família, importante marca do governo do ex-presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva.

O Bolsa Família hoje atende mais de 14 milhões de famílias, com benefício que varia em função da renda, do número de pessoas na família e idade delas. O valor pago é, em média, de R$ 188, segundo dados de junho de 2020.

Paulo Guedes, chegou a dizer que o Renda Brasil reuniria programas sociais existentes e teria valor mais alto que o Bolsa Família.

Já no fim de agosto, no entanto, Bolsonaro demonstrou resistência em tirar recursos de outros programas, como o abono salarial, pago a trabalhadores formais que recebem até dois salários mínimos, para o programa. Foi nessa ocasião que ele disse que não poderia "tirar de pobres para dar para paupérrimos".

A nova edição do auxílio emergencial, com valor mais baixo, também é uma forma de o governo ganhar tempo na elaboração do prometido Renda Brasil, que esbarra na falta de recursos.

Para viabilizar um programa mais amplo que o Bolsa Família e não desrespeitar regras fiscais, seria necessário tirar recursos de outros programas ou cortar outras despesas.

A proposta da lei orçamentária de 2021 enviada pelo governo nesta segunda-feira (31/08) ao Congresso prevê um aumento de mais de 18% nos recursos para o Bolsa Família. A dotação sobe de mais de R$ 29 bilhões neste ano para quase R$ 35 bilhões no ano que vem. O governo argumentou que prevê um aumento no número de famílias beneficiadas pelo Bolsa para 15,2 milhões em 2021.

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